Até crise do Cruzeiro vira munição contra Mattos no Palmeiras
Perrone
01/12/2019 10h17
"O Alexandre Mattos quebrou o Cruzeiro e vai quebrar o Palmeiras". Esse é o discurso adotado insistentemente por críticos do diretor executivo de futebol do Palmeiras. Na última sexta (29), o slogan da campanha pela demissão do cartola remunerado foi alimentado por entrevista de Zezé Perrella, gestor de futebol cruzeirense, na qual ele creditou a crise do clube a gestões passadas.
"Quebraram o Cruzeiro para ser Campeão Brasileiro! É essa cultura que temos que recuperar. O presidente Wagner (Pires de Sá) quando assumiu, foi pelo mesmo caminho tentando ser campeão a qualquer custo. Dia 8, quando o campeonato acabar, vou soltar um balanço e quero que todos saibam a situação real do Cruzeiro. Não estou aqui disposto a quebrar com o Cruzeiro não, mas eu estou fazendo o que posso", afirmou o ex-presidente cruzeirense em sua entrevista coletiva.
Imediatamente, conselheiros e até gente que integra a diretoria do Palmeiras passaram a usar as declarações como comprovação de tese de que Mattos é tóxico para as finanças alviverdes. Os detratores do cartola associam o histórico dos dois clubes. Com Mattos como dirigente, ambos conquistaram dois títulos brasileiros cada e fizeram uma série de contratações caras.
Atualmente, o Cruzeiro enfrenta sérios problemas financeiros e não consegue pagar salários de jogadores em dia. Já o alviverde viveu nos últimos anos época de vacas gordas, principalmente por conta do forte patrocínio da Crefisa. Porém, este ano, a agremiação registra deficit até aqui, não levantou taças e depende da venda de jogadores para não fechar o ano no vermelho. Os salários continuam sendo pagos em dia.
Nesse cenário, os críticos apertaram ainda mais o botão da pressão sobre o dirigente remunerado assim que souberam das palavras de Perrella. Porém, o cartola cruzeirense não chegou a citar Mattos. O link é feito porque ele era o executivo de futebol do clube de BH nas conquistas do Brasileiro.
Mattos não concedeu entrevista ao blog. Quem o defende, entre outros argumentos, diz que o ataque de Perrella foi político, direcionado a outros dirigentes, como Bruno Vicintin, ex-vice de futebol do Cruzeiro e que teve seu nome pronunciado durante as críticas do cartola cruzeirense. Na defesa do executivo palmeirense também aparece o registro de que ele está no alviverde desde 2015. Ou seja, saiu faz tempo da agremiação mineira, assim, não poderia ser responsabilizado pelo que acontece lá agora.
Por sua vez, Vicintin divulgou uma carta aberta para rebater as declarações dadas por Perrella na entrevista coletiva. Abaixo, leia na íntegra a resposta do ex-dirigente do Cruzeiro.
Esse é um sinal de evidente do desespero do Zezé Perrella. Lamento muito por envolver o Cruzeiro, clube que amo e que lutei pra torná-lo maior, mesmo com limitações nas minhas funções. Mas o fato é que, em dois anos, esse pessoal conseguiu destruir tudo que estava sendo feito, por conta de muita incompetência e extrema vaidade.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.