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Inspirado em W. Disney, Corinthians prevê furo de R$ 144,8 mi ao fim do ano

Perrone

10/12/2019 04h00

Em documento oficial enviado aos conselheiros do clube, a diretoria do Corinthians projeta que o alvinegro vai terminar 2019 com déficit de R$ 144.879.000. O valor aparece na coluna "orçamento de 2019 ajustado" presente na previsão orçamentária de 2020. Curiosamente, a introdução da peça traz pensamento sobre o gosto pelo impossível identificado como sendo de Walt Disney. O material ainda informa que foi acertada com a Nike uma opção de renovação contratual até 2029 e registra receita inferior com direitos de TV em relação ao que era esperado.

O mesmo relatório, chamado oficialmente de "Ciclo de Planejamento – 2020", aponta que a previsão inicial era de que o clube chegaria ao próximo dia 31 de dezembro com superávit de R$ 650 mil. A diferença gerou críticas de integrantes do Conselho Deliberativo ligados à oposição. Eles alegam que números tão distantes demonstram desorganização por parte da direção alvinegra.

O blog apurou que a diretoria projetou o pior cenário possível para chegar à previsão de déficit de quase R$ 145 milhões. Isso porque costuma fazer projeções conservadoras. Porém, existe a expectativa no clube de que pelo menos uma importante venda seja feita até o final de dezembro, o que ajudaria a reduzir o déficit. Até junho, conforme balancete publicado no site oficial do Corinthians, o déficit foi de R$ 94.975.000.

Gastos acima do previsto com o departamento de futebol e a falta de boas vendas de direitos econômicos de jogadores são as principais explicações internas dadas pela diretoria para o número negativo. Em 2018, o alvinegro anotou déficit de R$ 18.766.000.

O cálculo é de que o clube encerre 2019 com R$ 35.417.000 em vendas de jogadores. Porém, por conta de despesas geradas por negociações, a previsão é de que esse valor seja reduzido para aproximadamente R$ 24,5 milhões.

Déficit em 2020

O orçamento para o ano que vem será analisado pelo Conselho Deliberativo corintiano nesta quarta (11). O documento aponta que no próximo ano o clube terá déficit de R$ 21.318.000. A projeção de receita bruta com a venda de direitos econômicos é de R$ 66.136.000. Com despesas, a quantia cai para cerca de R$ 42,6 milhões.

Para o próximo ano também está previsto gasto de R$ 53.620.000 com direitos federativos de atletas. A projeção para o fim de dezembro de 2019 nesse item é de despesa de R$ 64.270.000. Os cálculos são conservadores no relatório inteiro.

O documento justifica o aumento com gastos salariais em 2019 com mudanças no time de futebol e projeta redução em 2020. "As despesas com salários e encargos estimadas para o fechamento de 2019 apresentam uma variação de cerca de 33% acima do previsto originalmente. Essa variação deve-se ao investimento efetuado na reestruturação da equipe de futebol para o ano de 2019", diz trecho do documento.

Rescindir para contratar

Sobre o próximo ano, está escrito que está prevista redução de despesas com salários e encargos de 21% por conta da redução da folha salarial do departamento de futebol profissional, especialmente por conta do encerramento de diversos contratos.

"Não há previsão de aumento da folha (salarial) com contratações. Caso ocorram, as mesmas devem ser acompanhadas da redução de outro elemento de custo (rescisão com outro atleta).

Renovação com a Nike

No orçamento, a diretoria corintiana informa que foi incluída no acordo com a fornecedora de material esportivo uma cláusula de opção de renovação até 2029. A última prorrogação havia sido feita em 2017 com validade até 2026. O documento não explica como funciona essa opção de renovação com a Nike. O contrato também foi modificado para alterar valores recebidos pela agremiação por royalties e premiações referentes ao contrato.

A avaliação é de que o alvinegro receberá R$ 25.640.000 da parceira em 2020. Inicialmente, havia sido feita a previsão de que a Nike pagaria ao clube R$ 21.588.000 em 2019. Porém esse número foi alterado para R$ 25.553.000.

Globo

O documento mostra ainda que a receita corintiana com direitos de transmissão de seus jogos pela TV ao final de 2019 deve ser inferior ao previsto inicialmente. O orçamento original estipulava que essa arrecadação neste ano seria de R$ 240.139.000. Agora, a expectativa é de que o clube termine a temporada embolsado R$ 227.896.000.

A quantia inferior ao que se esperava é justificada pelo fato de o time ter em 2019 menos jogos exibidos do que havia sido projetado (em parte, a receita varia conforme à exibição) e também por uma queda na arrecadação atrelada ao pay-per-view (PPV). No relatório, a direção corintiana afirma que os sistema de venda de jogos transmitidos pelo "Premiere" apresentou queda em seus números. "Os efeitos desses elementos pode ser resumido: exibição TV –  R$ 7 milhões, PPV R$ 6 milhões", registra o documento.

Para 2020, o cálculo é de arrecadação de R$ 230.555.000 com a venda de direitos de transmissão. A projeção foi feita levando-se em conta que o clube chegará até as oitavas de final da Libertadores e da Copa do Brasil, além de alcançar o sétimo lugar no Brasileirão. Outra fatia do pagamento é realizada de acordo com a classificação no campeonato nacional. No documento a direção reafirma que foi conservadora nas previsões. Ou seja, não significa que não espere resultados em campo melhores do que esses.

Pelo menos parte dos conselheiros reclama de que o orçamento não está assinado. O discurso na diretoria é de que não existe a obrigação de assinar a peça que foi enviada aos membros do Conselho Deliberativo por se tratar de uma apresentação.

Também há entre os conselheiros quem esteja intrigado com a reprodução de uma frase atribuída a Walt Diney, sem explicações, na introdução do relatório: "eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor".

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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