Divergência entre RB Bragantino e Zago é de cerca de R$ 2 milhões
Perrone
04/01/2020 04h00
A diferença entre o que o Red Bull Bragantino cobra e o que Antônio Carlos Zago acredita que deve pagar pela rescisão de seu contrato é de aproximadamente R$ 2.010.000, conforme apurou o blog.
O imbróglio também conta com uma ação na Justiça movida pelo técnico e notificações extrajudiciais disparadas pelo clube para o técnico e o Kashima Antlers. O time japonês anunciou o treinador sem que RB Bragantino e Zago fechassem um acordo para a rescisão.
O Red Bull calcula que a multa original era de cerca de R$ 3 milhões. Mas o valor cai para aproximadamente R$ 2,4 milhões por causa de premiações e outras quantias que Zago tinha a receber. Isso nos cálculos da agremiação.
Zago acionou à Justiça para depositar em juízo R$ 390 mil referentes ao que ele crê ser a multa contratual.
A divergência passa por uma renovação que o RB Bragantino alega existir até 2021. Pela versão do clube, ela foi definida a pedido do treinador e passou a valer a partir da conquista da vaga na Série A de 2020. Mas o novo contrato ainda não tinha sido elaborado.
Para João Henrique Chiminazzo, advogado do treinador, vale o compromisso que termina em dezembro de 2020, registrado na CBF.
"Não existiu renovação automática. O contrato previa a possibilidade de renovação, mas ela não se confirmou. Isso está bem claro", declarou o defensor do técnico.
"No Brasil, treinador só pode ter contrato de trabalho por dois anos. O dele começou a valer em abril de 2019. Se fosse prorrogado automáticamente até dezembro de 2021, ultrapassaria o prazo legal", completou Chiminazzo.
O RB argumenta que só o contrato de imagem previa a renovação automática, sem ferir a lei. E que as duas partes se comprometeram contratualmente a renovar o vínculo de trabalho. Mas o novo documento não chegou a ser oficializado.
As datas são importantes porque a multa é igual a 5O% do que o treinador teria a receber. Assim, o advogado de Zago entende que o valor deve ser calculado até dezembro de 2020. A conta do RB Bragantino inclui mais um ano.
Segundo a versão do clube, a multa válida para os dois lados foi um pedido do técnico.
Outro problema é que o clube entende que a multa deve considerar o reajuste salarial a ser concedido até 2020.
A queixa na agremiação é de que o advogado de Zago fez o cálculo com o salário de 2019. São cerca de R$ 65 mil registrados em carteira de trabalho, sem contar os ganhos com direitos de imagem.
A renovação que o RB sustenta ser válida jogaria o salário em carteira para cerca de R$ 125 mil, também sem considerar a imagem.
Então, mesmo que o time de Bragança Paulista aceitasse a tese do contrato de trabalho até 2020, continuaria a discordância. Nesse caso, provocada pela diferença salarial. Por sua vez, Chiminazzo não reconhece o reajuste.
Há ainda problemas em relação ao contrato de imagem. O RB sustenta que ele vale até 2021 e que seus valores devem entrar na conta. O clube entende que o defensor do treinador ignora esse documento na discussão.
"Direito de imagem não se mistura com contrato de trabalho [e sua rescisão]. Mas também não foi assinado contrato de imagem até 2021. Ele valia até 2020. Havia uma possibilidade de renovação que não se confirmou" disse o advogado de Zago.
Briga
A guerra começou depois de o treinador informar ao clube sua decisão de aceitar a oferta japonesa.
Zago foi à Justiça para tentar depositar a sua versão da multa em juízo. Até agora a Justiça não se posicionou.
Em seguida, o Red Bull enviou notificação ao técnico cobrando a multa segundo seus cálculos.
O treinador respondeu com as suas contas. O RB, então, preparou outra notificação ainda mais firme. O advogado de Zago, no entanto, diz ainda não ter recebido o documento.
O RB também enviou uma notificação ao Kashima Antlers informado que Zago estava sob contrato. Nesta sexta (3), o clube brasileiro preparou outro comunicado para os japoneses.
Procurada, a direção do Red Bull Bragantino não quis dar entrevista sobre o tema.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.