Por que Assis não estranhou oferta de passaporte paraguaio, segundo defesa
Perrone
09/03/2020 04h00
Como Ronaldinho e Assis, dois caras experientes, não desconfiaram de que documentos que davam a eles nacionalidade paraguaia eram falsos sendo que ambos nem pisaram num órgão governamental para obter esses registros?
A defesa dos irmãos têm sido questionada insistentemente sobre essa falta de desconfiança da dupla.
A tese dos defensores passa pela rotina dos grandes astros do futebol. O argumento é de que boleiros famosos estão acostumados a receberem uma série de benefícios e a desfrutarem de quebras de protocolos.
Ou seja, Assis e Ronaldinho teriam achado normal receberem a papelada por "delivery" sem ter que ir a um escritório ligado ao governo paraguaio.
Assim, Ronaldinho recebe gerentes de bancos e e uma série de profissionais em casa para evitar tumultos em outros locais por conta da presença de fãs. Seria natural, segundo a defesa, essa facilidade em relação ao passaporte paraguaio.
A argumentação, no entanto, não tem sido bem aceita pela maior parte da imprensa brasileira que cobre o caso em Assunção (este blogueiro está nesse time).
Em entrevista coletiva neste domingo (8), Sérgio Queiroz, advogado brasileiro de Ronaldinho e Assis, afirmou que o irmão do ex-jogador do Barcelona admitiu ter pedido o passaporte paraguaio após receber uma oferta. Porém, tinha certeza de se tratar se documento oficial.
Segundo sua versão, a proposta foi para ele obter o documento legalmente com o objetivo de facilitar a realização de negócios no Paraguai. Entre as metas estaria uma redução em eventuais tributos a serem pagos. No entanto, ele não soube dizer quem fez a proposta.
Também segundo a defesa, Ronaldinho não teve participação no pedido de documentos paraguaios. A justificativa é de que questões administrativas ficam a cargo de Assis. Apesar disso, Queiroz negou que a estratégia da defesa seja tratar Ronaldinho como um alienado que deixa tudo nas mãos do irmão.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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