Projeto de candidatura de Gobbi avança no Corinthians, mas tem obstáculos
Perrone
03/03/2020 04h00
Faz praticamente dois anos que aliados do ex-presidente corintiano Mário Gobbi iniciaram um projeto para tentar convencê-lo a disputar a próxima eleição presidencial no clube, prevista para novembro.
Entre o final do ano passado e o início de 2020 o movimento ganhou o corpo. Porém, a situação é complexa. A candidatura depende da combinação de uma série de fatores.
Gobbi tem se reunido com membros de diversos grupos políticos oposicionistas. Nesses encontros ele disse que topa ser candidato se houver o apoio dessas correntes sem a negociação de cargos. Caso eleito, Gobbi ficaria livre para fazer suas escolhas.
Nem todos aceitam bem essa exigência. Há quem entenda não fazer sentido trabalhar por um candidato sem a garantia de ter uma participação ativa na administração.
Outro entrave é a já anunciada candidatura de Augusto Melo, o Tio, como opositor.
Entre os conselheiros procurados por Gobbi está o ex-candidato oposicionista Antônio Roque Citadini. Ele explicou ao ex-presidente que já se comprometeu a ajudar na campanha de Melo, que fez o mesmo por Roque na última eleição. Em tese, a manutenção dessas duas candidaturas e o eventual surgimento de outras enfraqueceriam a oposição.
Só que na ala que combate o grupo de Andrés Sanchez há mais tempo existem conselheiros que enxergam Gobbi apenas como mais um elo da enferrujada corrente situacionista que se quebrou e originou novos grupos.
Nesse núcleo, há certa resistência a abraçar o ex-presidente como legítimo opositor.
Antes de Gobbi movimentar suas peças, integrantes da velha guarda oposicionista, como Romeu Tuma Júnior e Osmar Stábile, ex-candidatos à presidência, já trabalhavam num plano de administração que agradasse às diferentes alas oposicionistas. O objetivo é lançar candidato único contra a situação.
Aliados do ex-presidente admitem longe dos microfones que o carimbo de "ex-andresista" precisa ser apagado de Gobbi para a empreitada dar certo.
A ideia é montar uma chapa com nomes reconhecidamente antagônicos ao atual presidente, investir em projetos de compliance e adotar um discurso fortemente oposicionista.
Além de Citadini, Tuma, Stábile e Felipe Ezabella estão entre os nomes que já se reuniram com Gobbi.
Ezabella, outro ex-candidato à presidência e que esteve ao lado de Gobbi no apoio a Andrés na primeira gestão do cartola no Corinthians, deixa claro ver com bons olhos uma eventual candidatura do ex-presidente.
Caso seja candidato, Gobbi pretende levar em consideração estudos feitos pelo atual grupo de Ezabella. Ambos devem voltar a ser encontrar nesta terça-feira (3).
Em conversas conversas mais antigas com aliados, Gobbi disse que a oposição precisa se unir para vencer a eleição e provocar uma série de mudanças na gestão do do clube. Ele tem falado em retrocesso nos últimos anos e cita os distanciamentos financeiro e no futebol do alvinegro em relação ao Flamengo como exemplo.
Como resposta ouviu que ele deveria ser o candidato. Diante do cenário complexo, Gobbi mantém o discurso de que ainda não decidiu se lançará candidatura, apesar de sua movimentação.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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