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Médico da FPF sugere gol sem abraço de jogadores na volta do Paulista

UOL Esporte

18/04/2020 04h00

Final do Campeonato Paulista de 2020. Quarenta e cinco minutos do segundo tempo. Zero a Zero. Escanteio. Zagueirão no ataque sobe e marca de cabeça o gol do título. Corre sozinho para comemorar. Nenhum companheiro o abraça. Nem chega perto dele. Não rola abraço entre ninguém. Essa cena imaginária parece impossível, mas, algo parecido pode acontecer quando a quarentena para combater a transmissão do novo coronavírus acabar e (se) o Estadual for retomado.

A possibilidade existe porque Moisés Cohen, presidente da comissão médica da FPF, planeja recomendar aos jogadores que não se abracem e não tenham outro tipo de contato ao comemorarem gols.

"Temos que dar o exemplo, mesmo se tivermos segurança de que ninguém está contaminado. Então, faz o gol, pula sozinho para conmemorar. Se todo mundo se abraçar, imagina o reflexo que isso pode ter no torcedor. O cara que está assistindo pela TV vai falar: 'se eles estão se abraçando não tem perigo'. Daí ele pode sair abraçando todo mundo", afirmou Cohen.

Na próxima segunda, ele fará uma videoconferência com médicos de clubes paulistas para discutir protocolos de saúde para quando os jogos forem retomados. O projeto não está fechado e depende também das alegações das agremiações.

O cenário ideal para Cohen é que todos os times fiquem concentrados durante 15 dias para terminar o Campeonato Paulista. No início da concentração, os jogadores fariam testes para saber se foram contaminados pelo novo coronavírus. Nesse caso, quem testar positivo é afastado.

As diferentes condições financeiras e de estrutura entre os clubes pode ser um obstáculo. Há times que sinalizaram que teriam que manter o elenco num hotel e que não têm verba para isso.

Hoje, um problema seria conseguir os testes. Obter kits suficientes para aumentar a testagem é uma das principais dificuldades das autoridades brasileiras da área da saúde.

"Precisamos ver como estarão as coisas quando o campeonato puder voltar. É possível que a necessidade de testes em outros países já tenha diminuído e que a compra não seja tão difícil", afirmou Cohen.

Se você achou estranha a história de comemorar gol sem abraço, pode se preparar porque o Campeonato Paulista pode voltar com outras cenas inusitadas.

Indagado pelo blog sobre as zonas mistas (locais em que a imprensa espera pela passagem de atletas para tentar entrevistá-los), o médico pensou numa inovação.

"Não tinha pensado nisso. Mas ouvindo você falar, acho que isso tem que mudar. As entrevistas podem continuar acontecendo, mas com os jogadores nos estádios e os repórteres em suas casas. Pode ser por videoconferência, como fazemos quase tudo hoje", declarou Cohen.

E o que fazer com as rotineiras rodinhas de jogadores em volta dos árbitros para reclamar? "Também não tinha pensado nisso, mas vai ter que acabar. Acho que vai ter que dar cartão amarelo logo. Essa questão da transmissão do vírus (facilitada pelo contato físico ou proximidade entre as pessoas) vai ter reflexo em tudo. Até no pipoqueiro que trabalha no dia do jogo", disse o médico da federação.

A diretoria da FPF ainda não tem sinalização do Governo Estadual de quando os jogos poderão voltar a ser realizados. Porém, a entidade trabalha com a hipótese de partidas sem torcida no primeiro momento em que as regras de distanciamento social forem relaxadas.

"Temos que esperar, falar em voltar com os campeonatos agora é irresponsabilidade. O futebol tem que dar o exemplo porque tem muita visibilidade. Voltar neste momento, mesmo com portões fechados, seria um estímulo para as pessoas romperem o isolamento. Na reunião que tive com os presidentes da Série A-1 tentei mostrar o que está acontecendo, a gravidade da situação", disse o médico.

O presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos assegura que a competição será retomada

 

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

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Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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