Teste com plasma em pacientes de Covid-19 enfrenta falta de sangue tipo AB
Perrone
07/05/2020 04h00
ESPECIAL NOVO CORONAVÍRUS
O Hospital Sírio-Libanês de São Paulo está em busca de doadores de plasma de sangue do tipo AB que tenham testado positivo para o novo coronavírus e já estejam recuperados da doença. Esse é o único grupo sanguíneo que está em falta para os testes no hospital com plasma de pessoas recuperadas no tratamento de quem está infectado.
"Estamos tendo um apoio grande de doadores. A gente está muito feliz com a mobilização dos convalescentes. Temos 150 bolsas de plasma. A gente tem muito doador do grupo A, do B, do O, mas quase nada do grupo AB. O grupo AB representa só 4% da população, então estamos tendo muita dificuldade para achar doadores convalescentes do grupo AB. Todos os serviços que estão fazendo busca ativa de doadores convalescentes estão tendo essa dificuldade", afirmou Silvano Wendel Neto, diretor médico do banco de sangue do Sírio Libanês.
De acordo com ele, os demais locais que fazem os testes com plasma também sofrem para encontrar doadores do grupo AB. Em São Paulo, os hospitais Israelita Albert Einstein e das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP também fazem parte do programa, que começou em abril.
Como a minoria da população tem esse grupo sanguíneo, a quantidade de pacientes com o tipo AB também é menor em relação aos outros grupos. Mesmo assim, o hospital precisa ter esse tipo em seu banco para os testes para quando tiver pacientes "AB". Nos casos de transfusão de sangue, os indivíduos do tipo AB podem receber sangue de qualquer grupo. Mas, quando se trata apenas de plasma (a parte liquida do sangue), ele precisa ser AB.
"Já selecionamos no Hospital Sírio-Libanês 133 doadores. Desses, aptos para a doação temos 41. Esses estão doando continuamente, eles representam, se tudo der certo, 480 doses. É uma quantidade muito boa. Só que desses 41 nenhum é AB. A gente está fazendo uma busca ativa muito grande. Então, quem for grupo AB e teve covid, por favor, nos procure. É só procurar o Sírio-Libanês e o Einstein", afirmou Wendel Neto.
Até esta quarta (6), quatro doadores do grupo AB se apresentaram ao Sírio-Libanês. Um deles já foi descartado e os outros ainda aguardam testes para saberem se poderão fazer a doação. "Ainda não tive nenhum paciente (entre os que participam dos testes) no grupo AB, mas daqui a pouco vou ter. Preciso de doadores para não passar aperto", explicou o médico.
Sobre os testes com plasma ele afirmou que ainda é cedo para falar a respeito dos resultados. O estudo testa a eficiência do uso de plasma de pacientes que se recuperaram da covid-19 para ajudar doentes. O princípio é usar os anticorpos de quem já está curado no organismo de quem luta contra a enfermidade.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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