Ingresso gera mais verba para pagar dívida do que nome de arena corintiana
Perrone
04/09/2020 09h57
Apesar da venda dos namings rights, a receita de bilheteria deve continuar como a principal fonte de arrecadação do estádio corintiano, assim que os jogos voltarem a ter a presença de torcedores. O balanço financeiro do Corinthians mostra isso.
A Hypera Pharma vai pagar R$ 300 milhões em parcelas anuais para dar o nome de Neo Química Arena à casa alvinegra por 20 anos. Serão pagos R$ 15 milhōes por ano.
Por contrato, toda a receita gerada pelo estádio deve ser usada para quitar a dívida com a Caixa Econômica Federal por intermediar financiamento de R$ 400 milhões junto ao BNDES para ajudar a bancar a construção da arena.
O balanço corintiano referente a 2019 mostra que no ano passado o clube amealhou R$ 62.366.000 com a venda de ingressos em seus jogos. Descontadas despesas de R$ 23.155.000 sobraram R$ 39.211.000 para serem repassados ao fundo criado para viabilizar a arena. Controlado por Corinthians e Odebrecht, o fundo é responsável por fazer os repasses para o pagamento da dívida com a Caixa.
Ou seja, o montante gerado pela comercialização de ingressos no ano passado superou a quantia anual que será gerada pela negociação dos namings rights em R$ 24.211.000.
A diferença aumenta em relação a 2018. Naquele ano, conforme as demonstrações financeiras do clube, foram repassados para o fundo R$ 41. 086.000 relativos à arrecadação dos jogos.
Os números mostram que, mesmo se os naming rights tivessem sido vendidos pelo valor pretendido antes (R$ 400 milhões por 20 anos ou R$ 20 milhões anuais) a receita de biheteria ainda seria a principal fonte de arrecadação. O modelo de negócios já previa isso.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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