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Pratto vira munição em disputa política no São Paulo

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12/02/2017 11h16

Lucas Pratto mal chegou ao São Paulo e sua contratação já virou munição política no Morumbi. Membros da oposição não questionam a qualidade do atacante, mas os valores da operação, principalmente depois de Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético-MG dizer que o São Paulo será obrigado a comprar os 50% restantes dos direitos econômicos do argentino, como mostrou o blog.

A direção são-paulina se defende alegando que o clube paulista pediu a inclusão de uma cláusula que permitiria a compra de pouco menos da outra metade por valor proporcionalmente mais baixo, dependendo de metas estipuladas em contrato. A medida teria visado principalmente uma futura venda para a China.

Opositores já criticavam o valor estimado para a compra dos primeiros 50%: 6 milhões de euros (R$ 19,8 milhões), e o tom aumentou com a descoberta de que o investimento tende a aumentar. Uma das avaliações é de que seria incoerente vender uma promessa como David Neres por 15 milhões de euros (R$ 50 milhões) para aliviar as dificuldades financeiras do clube e investir quantia equivalente a boa parte deste montante em um jogador de 28 anos.

Os números para a compra de direitos econômicos restantes do argentino não foram revelados. Porém, o presidente do Atlético-MG confirmou ao blog que existe uma cláusula que obriga o São Paulo a vender Pratto caso apareça oferta superior 11 milhões de euros a partir de dezembro de 2017 (os são paulinos falam que a data correta é janeiro de 2018). Essa cláusula sugere que o montante total a ser gasto pelo time paulista na negociação se comprar o restante dos direitos econômicos combinados seria de 11 milhões de euros, ou 4 milhões de euros (cerca de R$ 13,2 milhões) a menos do que o valor de venda de Neres para o Ajax.

Outra crítica dos opositores é pelo falto de a revelação de que mais fatias dos direitos econômicos foram envolvidas no negócio ter sido feita em Belo Horizonte, não no Morumbi.

 Enfim, opositores classificam como eleitoreira a contratação do argentino por avaliarem que mais coerente com a atual situação financeira do clube seria encontrar uma solução por preço mais baixo, economizando dinheiro. Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, atual presidente, é candidato à reeleição em abril. Seus adversários devem ser José Eduardo Mesquita Pimenta e Roberto Natel.

Entre os argumentos favoráveis a diretoria estão o pedido do técnico Rogério Ceni pela contratação de um atacante de alto nível e o fato de a qualidade de Pratto não ser discutida nem pelos críticos da gestão. Outro ponto é que a previsão de compra de mais porcentagens dos direitos econômicos é parcelada, não provocaria a saída de grande quantia de dinheiro dos cofres tricolores de uma só vez.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.