Topo

Perrone

Arena Corinthians vende cerca de 45% dos CIDs liberados para 2018

Perrone

19/04/2018 04h00

Antes considerados micos, os CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) agora animam os envolvidos na construção da Arena Corinthians. A prefeitura autorizou negociações equivalentes a R$ 45 milhões nesses títulos em 2018. Desde janeiro as vendas já atingiram R$ 20 milhões. Ou seja, antes da metade do ano 45% dos papéis disponíveis até dezembro foram comercializados.

A expectativa na Odebrecht é de que a nova derrota sofrida pelo Ministério Público na tentativa de considerar inconstitucional a lei que autorizou os incentivos fiscais ao estádio corintiano aumente o interesse de empresas nos títulos.

Até 2015, a venda dos CIDs ficou praticamente estagnada. Tanto Corinthians como Odebrecht culpavam a ação do promotor Marcelo Milani atacando os títulos como responsável pelo fracasso até então. Ele pede que a Justiça considere inconstitucional a lei assinada por Gilberto Kassab autorizando os incentivos fiscais ao estádio. Porém, o membro do MP já sofreu derrotas em primeira e segunda instâncias. Ele ainda pode recorrer.

A tese na construtora e no clube é de que, a partir da primeira vitória, as empresas perderam o medo de colocar dinheiro em certificados contestados na Justiça. A expectativa é de que a decisão mais recente reforce essa confiança.

Inicialmente, a autorização foi para a comercialização do correspondente a R$ 420 milhões em CIDs, divididos em cotas anuais. Porém, o valor aumenta porque os papéis se valorizam. Até agora foram arrecadados com a negociação total cerca de R$ 100 milhões, segundo fonte ligada ao fundo que responsável pela arena. A quantia representa aproximadamente 20% dos papéis disponíveis, levando-se em conta o valor atualizado dos CIDs.

Parte considerável da venda foi feita para consórcios que têm a participação da Odebrecht. A receita obtida com a negociação dos certificados é usada integralmente para pagar a dívida do Corinthians com a construtora pela construção de sua arena.

Os responsáveis pela operação de comercialização esperam que os títulos equivalentes aos outros R$ 25 milhões liberados para 2018 sejam negociados antes do final do ano.

Os certificados são vendidos por valores inferiores ao preço de face. Os compradores usam os papéis para pagar parte de seus tributos municipais. A prefeitura desconta da dívida o valor cheio.

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.