Topo

Perrone

Ex-diretor de Andrés diz esperar renúncia de presidente corintiano

Perrone

18/09/2019 04h00

O tiroteio político deflagrado no Corinthians desde que a Caixa Econômica resolveu executar a Arena Itaquera S/A e que Andrés Sanchez anunciou acordo com a Odebrecht faz até um ex-diretor do atual presidente pedir a renúncia do cartola. Em troca de mensagens com o blog, Felipe Ezabella, diretor de esportes terrestres na passagem anterior de Andrés pela presidência alvinegra, falou sobre o desejo de ver o ex-aliado fora do comando do clube.

"Esperamos que ele (Sanchez) espontaneamente se afaste da direção, renuncie ou pelo menos que não cuide mais do assunto estádio", disse Ezabella, que foi um dos candidatos derrotados por Andrés na última eleição. Ele respondia sobre o que seu grupo quis dizer ao afirmar em comunicado divulgado nesta semana que "seria muito melhor para todos que o presidente encerrasse por contra própria o seu papel nesse assunto".

A afirmação encerrava manifesto no qual o Corinthians Grande, ala que tem Ezabella entre seus líderes e conta vários dissidentes do grupo  de Andrés, pede uma reunião do Conselho Deliberativo e acusa o mandatário de ter mentido sobre as operações com Caixa e Odebrecht, o que Andrés nega.

Em relação ao banco, as acusações são de que o ex-deputado federal afirmava que estavam em dia as prestações do financiamento de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES, por meio da Caixa, para bancar parte da obra da arena alvinegra. E que dizia que havia um acordo reduzindo o valor das parcelas em meses com menos jogos no estádio. Mas que se soube da existência de parcelas não pagas e de que o trato não chegou a ser assinado depois que a Caixa executou o contrato firmado com a Arena Itaquera, ligada ao clube e à construtora por meio do fundo que a administra.

Em relação ao trato com a Odebrecht, a reclamação é de que Andrés declarou em entrevista coletiva que só deve para a Caixa. Porém, em sua nota oficial sobre o tema, a empresa confirmou a quitação da dívida com a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) pela obra do estádio, mas alegou que no caso da Odebrecht Participações e Investimentos (OPI) foi assinado um memorando que define os termos para solucionar as dívidas do projeto da arena. Ou seja, nesta segunda parte, não há menção à quitação do débito.

Conforme o blog apurou, o acordo é para que o Corinthians pague 25% do valor que a OPI tiver que pagar para a Caixa por conta de empréstimos feitos para levantar recursos para tocar o projeto. Essa quantia depende de negociação e de aprovação da assembleia de credores da empresa, que está em recuperação judicial. A quitação com a OEC também precisa desse aval.

Andrés não fala com o blog, por isso foi impossível ouvi-lo. Mas pessoa próxima ao dirigente afirmou que ele declarou só dever para a Caixa porque o dinheiro que repassará para ajudar a OPI a quitar a dívida referente aos empréstimos irá diretamente para o banco. Ao UOL Esporte o presidente do Corinthians enviou comunicado no qual nega ter mentido, reafirma que havia um acordo com a Caixa e que não deve mais nada para a "Construtora Odebrecht". Ele  ainda critica fortemente o grupo que o chamou de mentiroso.

Como mostrou o blog, foi marcada para o próximo dia 30 reunião do Conselho Deliberativo para discutir os temas envolvendo Caixa e Odebrecht. A convocação atente ao desejo de conselheiros de diferentes alas.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.