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Por que Corinthians prevê corte amplo em restante de dívida com Odebrecht?

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11/10/2019 10h03

Na diretoria do Corinthians e na construtora o discurso é de que o clube terá que pagar bem menos do que os R$ 160 milhões calculados anteriormente para quitar sua dívida com a Odebrecht Participações e Investimentos (OPI).

A confiança vem principalmente do histórico de negociações entre companhias que pedem recuperação judicial e seus credores. A OPI está no grupo de empresas da Odebrecht que teve a medida aceita pela Justiça e contestada pela Caixa Econômica. O banco pede a falência do grupo, mas a construtora se apoia na palavra de especialistas de que a chance de isso acontecer é remota. E, apesar do tom bélico adotado atualmente pela estatal credora, aposta em uma negociação favorável.

Executivos da construtora e cartolas do clube entendem que é comum em casos de recuperação judicial credores darem desconto de cerca de 50% ou aceitarem deixar de cobrar juros para receberem apenas a dívida principal em prestações a longo prazo.

Para ajudar a tocar a obra do estádio corintiano, a OPI levantou R$ 350 milhões junto a Caixa por meio da emissão de debêntures. O cálculo hoje é de que com juros e outros encargos a dívida chega perto de R$ 700 milhões.

Corinthians e Odebrecht têm um acordo pelo qual o clube se compromete a pagar 25% do valor devido pela OPI para a Caixa. Se o cálculo for feito em relação aos R$ 700 milhões, o alvinegro terá que arcar com R$ 175 milhões. Mas, se for cobrado apenas o valor principal, como esperam Odebrecht e Corinthians, a parte do alvinegro cairia para R$ 87,5 milhões. Porém, dos dois lados existe a esperança de um desconto ainda maior.

Sendo concretizado o acordo da Odebrecht com seus credores por meio da recuperação judicial, a tendência é de um prazo confortável para o pagamento dessa dívida. A aposta é em pelo menos dez anos. O Corinthians teria o mesmo tempo para fazer o acerto. Por isso, o entendimento da diretoria é de que o acordo com a Odebrecht foi uma grande vitória do clube. Na outra ponta do trato, foi quitada a dívida do alvinegro com a OEC (Odebrecht Engenharia e Construção), ligada diretamente à obra da Arena Corinthians.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.