'Militarização' do Ministério da Saúde preocupa técnicos da pasta
ESPECIAL NOVO CORONVÍRUS
A nomeação de militares para postos no Ministério da Saúde causa desconforto e preocupação em pelo menos parte dos técnicos da pasta, conforme apurou o blog.
Segundo reportagem da "Folha de S. Paulo", foram pelo menos 21 cargos entregues a militares na Saúde, comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello.
A principal crítica de integrantes da área técnica é de que muitos dos escolhidos nāo têm experiência ou especialização no setor da saúde.
O retrato pintado pelos críticos é de que agora há muita gente que não entende como funciona o ministério. Isso prejudicaria decisões técnicas podendo afetar a saúde da população.
Um caso emblemático é a polêmica causada na semana passada por nota técnica referente a saúde da mulher. O documento alertava para a necessidade de serviços de planejamento familiar, como entrega de contraceptivos, e locais para realização de aborto legal funcionarem durante a pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro disse ter entendido a nota como incentivo ao aborto. Dois servidores que assinaram o material foram exonerados.
A leitura da ala técnica é de que não houve a interpretação correta da nota, numa demostração de que falta conhecimento em saúde a determinados ocupantes de cargos de comando.
Estudos internacionais que mostram o aumento da violência contra a mulher durante a pandemia de covid-19 basearam a decisão de técnicos em emitir a nota. Eles viram o risco de aumento de estupros na quarentena e verificaram o fechamento temporário de locais que fazem o aborto legal e também de postos que fornecem contraceptivos.
Outra queixa é que o trâmite de medidas técnicas importantes para a saúde da população estaria mais lento nas mãos dos militares.
Antes mesmo de o ministério mudar a divulgação dos números referentes à pandemia no Brasil, também havia profissionais descontentes com o modo com que a pasta passou a se comunicar na gestão interina de Pazuello.
O discurso é de que as informações eram mais claras e diretas nos tempos de Luiz Henrique Mandetta no comando da pasta. O ex-ministro é descrito como alguém que aproveitava as entrevistas coletivas para divulgar medidas de prevenção contra o novo coronavírus, o que não estaria mais acontecendo.
Sob a batuta do general, o ministério tem focado sua comunicação nos investimentos feitos pela pasta no combate à pandemia e na quantidade de pacientes recuperados.
Na manhã desta segunda (8), por exemplo, o maior destaque no site do Ministério era para matéria que aponta investimento federal de R$ 1,1 bilhão para custear leitos de UTI para pacientes com covid-19.
O trabalho de Pazuello tem sido bem avaliado por Jair Bolsonaro, que elogia sua habilidade como gestor e chegou a dizer que o Brasil conseguiu realizar a Olimpíada do Rio graças a ele. O presidente também afirmou em conversa com profissionais de limpeza urbana, em maio, que o general terá uma boa equipe de médicos para lhe dar suporte.
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