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França, ex-São Paulo e primeiro 'fatiado', tinha mais de 20 donos

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08/10/2014 12h46

No segundo post sobre divisão de direitos econômicos, o blog conta a história do primeiro atleta "fatiado" do país, de acordo com o polêmico agente Wagner Ribeiro. Ele assegura que França, ex-atacante do São Paulo, foi o pioneiro entre os atletas com direitos repartidos. E, pelo que diz o empresário, um dos próximos a fazer parte dessa modalidade já é seu cliente, o adolescente do Corinthians, Fabrício Oya.

Atacante França comemora pelo São Paulo. (Crédito da foto: Juca Varella/Folha Imagem)

Ribeiro explica a história de França:

"O primeiro a ser fatiado foi meu. Em 1997, trouxe o França do XV de Jaú para o São Paulo com 22 sócios. Ficaram 50% dos direitos com a gente e 50% com o São Paulo. Nós colocamos R$ 600 mil no XV de Jaú. Esse dinheiro virou pó e o time não subiu. Resolvemos romper com o XV. Em pagamento, o clube deu três jogadores. Os outros eram Auecione e o Sandro, que jogou no Coritiba. O França deu lucro, os outros viraram pó. Então, eu fui o primeiro a fatiar. O França foi vendido para o Bayer Leverkusen por US$ 8 milhões ."

Pela cotação do meio do ano de 2002, quando França foi vendido, U$ 8 milhões valiam aproximadamente R$ 20,8 milhões. Se os 22 sócios ficaram com R$ 10,4 milhões e dividiram o dinheiro em partes iguais, cada um embolsou R$ 472,7 mil. Em média, o investimento de cada membro do grupo no XV de Jaú, cerca de cinco anos antes, tinha sido de R$ 27,2 mil.

Depois de trabalhar com França, Ribeiro foi agente de Kaká, Robinho, Lulinha e Ilsinho, entre outros. Hoje, na sua lista de clientes estão Neymar, apesar de o pai do atacante ser o principal controlador da carreira do filho, Gabriel (Santos) e pelo menos oito jogadores das categorias de base do Corinthians. No Parque São Jorge, o agente prevê dividir no ano que vem os direitos econômicos de Fabrício Oya, de 15 anos.

"Não sou investidor, sou agente. Brigo para que o  jogador fique com uma parte dos direitos. Eu ganho dinheiro na transferência, com comissão. Hoje, tenho o melhor jogador de base do Brasil. O Fabrício Oya ganhou todos os prêmios num campeonato recentemente na Europa, fez sete gols em cinco jogos. O Liverpool já mandou carta, o Corinthians sabe do potencial dele, o Andrés Sanchez já me deu bronca. Ele só tem contrato de formação com o Corinthians, vai poder assinar um contrato mesmo no ano que vem, quando faz 16 anos. Se eu quiser, tiro do Corinthians. Sabe o que vai acontecer? Ele vai assinar com o Corinthians, mas vou pedir uma parte dos direitos para o jogador", afirmou Ribeiro.

Não é por acaso que seu cliente Gabriel, que acaba de renovar com o Santos, já tem 40% de seus direitos econômicos. Os outros 60% pertencem ao clube. "Seis meses antes do fim do compromisso, o jogador pode assinar um pré-contrato e sair de graça. Fico com a faca e o queijo na mão para pedir que o clube dê uma porcentagem ao atleta", declarou o agente. Simples assim.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.